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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Lua Rosa (Cheia de Amor) - Parte III

3.ª Parte

A minha vida era agora vivida com muito mais prazer, tocava-me frequentemente porque adorava sentir o meu corpo, fazer amor comigo própria era algo maravilhoso.

Nesta fase da minha vida “reinava” em mim uma felicidade e uma alegria que se queria duradoura mas como diz o provérbio:

“Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe.” 


Assim e apesar da calma aparente e da alegria que sentia havia algo que perturbava o meu pensar e me deixava numa constante ansiedade… não parava de me lembrar do beijo que eu e a Kátia quase demos, nós tínhamos mesmo que falar até porque as coisas não estavam muito bem ou assim me parecia… será que ela me andava a evitar? Era agora muito raro nós sairmos juntas para assim poder estar com ela, parecia ter uma desculpa sempre pronta e até a Sónia notou. Como poderia eu esclarecer as coisas? Não sabia bem como o fazer nem tão pouco por onde começar…  
Eu não queria que isto estragasse a nossa amizade e para piorar a Kátia não deveria sentir o mesmo que eu, como poderia sentir? Ela além de namorar, parecia estar muito feliz… para dizer a verdade nem eu sabia bem o que estava a sentir, estaria a apaixonar-me por uma das minhas melhores amigas?
Esta situação estava a consumir-me e depois de ter falado com a Sónia resolvi então procurar a Kátia para esclarecer as coisas. Já me preparava para sair e quando o telemóvel toca, era uma mensagem do Nuno: 

- “Oi Aléxia, tudo bem contigo? Queres ir passar uns dias a Nova Iorque? Vamos no próximo dia 3 de Julho com o pessoal todo. Avisa se quiseres ir.”

Ir a Nova Iorque??? Ir a Nova Iorque no “4th of July”? Uau… ainda por cima com os amigos todos? Claro que queria ir… apesar das coisas terem sido combinadas em tão pouco tempo o convite era mesmo irrecusável, ir aos Estados Unidos e ainda por cima à Big Apple.

Com esta notícia tão boa até me esqueci do que ia fazer, mandei mensagem à Sónia a falar-lhe do convite que havia recebido e ela de pronto me respondeu:

- “Aléxia, porque pensas tanto?! Essa é uma oportunidade única, vai e diverte-te.”

- “Sim, eu sei que é uma grande oportunidade e vou com toda a certeza… O problema é que eu não quero ir sem falar com a Kátia… não quero ir sem resolver as coisas!”

- “Calma Aléxia, tem calma… ainda faltam uns dias para ires, aproveita que ela agora está em casa e vai falar com ela. Depois passas aqui em casa e falamos melhor.”

Depois de ter falado com a Sónia fiquei um pouco melhor e até mais confiante, assim sendo fui até casa da Kátia com um nervosismo crescente que, a pouco e pouco começou a tomar conta de mim. Não sabia porque razão estava eu assim…

A conversa com a Kátia foi muito boa, falámos imenso, rimos e chorámos com uma cumplicidade tal que apesar de eu já saber que ela era uma grande amiga percebi também naquele momento que tinha uma amiga para a vida… falámos também do nosso momento mais intimo e foi a parte mais incómoda da nossa conversa mas ambas chegámos à conclusão de que terá sido o fruto da envolvência criada naquela hora e não passava disso mesmo, não foi nada de especial e que tudo ficaria bem dali para a frente… apesar dessas palavras saí de lá com a mesma sensação, um pouco mais aliviada mas com o pensamento preso nesta loira tão linda e sensual… 

*****

A ida à Big Apple foi simplesmente maravilhosa, não descansei quase nada mas adorei cada momento, a cidade é de facto algo extraordinário e só foi pena ter sido uma estadia tão curta. Hei-de regressar um dia e visita-la com mais calma… 

Um pouco antes desta minha viagem acabei por fazer uma nova e grande amizade, a Luysah (a quem dedico este conto) uma pessoa especial que jamais irei esquecer. Ela entrou na minha vida com pezinhos de lã e através de uma pessoa que aos poucos ia saindo da minha vida, a Débora. Como ia viajar optei por “leva-la” comigo e assim acabámos por conversar imenso, esqueci-me foi de um detalhe… estava em roaming e com a faturação do telemóvel sempre a somar. A conta que recebi não foi agradável mas voltaria a fazê-lo... 

“Esta menina tocou-me com toda a sua delicadeza e educação, carinho e emoção de quem busca novos conhecimentos e uma verdadeira amizade. A primeira reação foi retrair-me e como de costume refugiar-me no meu mundo algo fechado mas com o insistir desta menina e com o seu jeito tão puro de ser foi-me conquistando e eu fui-me deixando envolver passando a conhece-la um pouco melhor, ainda bem. 
Bem sei que para mim eras apenas uma “Luysah”, como para tantas outras pessoas seria apenas mais uma, mas algo fez despertar uma amizade que com a distância foi crescendo e na distância se fez permanente. Sim, dizer permanente é dizer intemporal e quem sabe eterna…

“…tu nunca terás fim na minha vida pois tu és aquele tipo de pessoas que recordarei até mesmo depois da morte…”

…frase tua que agora e para ti me atrevo a prefaciar.

A pessoa que conheci era, e será ainda, uma força da natureza e uma pessoa de ações firmes, decidida em tudo o que dizia ou fazia. Ela era sem dúvida uma pessoa arrebatadora que entrando pé ante pé na minha vida se mostrou muito mais do que parecia ou desejaria demonstrar… que era também uma pessoa algo insegura e também um pouco receosa com todas as coisas que aconteciam à sua volta. A insegurança e a baixa autoestima refletiam-se nas ações e nas conversas que tínhamos mas um pouco a custo foi-me dando a conhecer mais de uma vida de sofrimento e angústia não só pelo que me contava mas também pelos desabafos que aqui e ali me deixava. Alegrava-me nesses momentos pelo alívio que nessa altura ela sentia e porque parecia de facto confiar muito em mim, era já uma confiança mútua.
Sabia que falava com uma menina mais nova que eu mas todos os dias me ensinava tanto que me sentia pequena e era um deleite ouvi-la e sentir a sua energia muito própria quer na doença ou nas diversas loucuras por que passava. Assim, aprendi que as dificuldades e obstáculos não são mais que uma ferramenta para nos fazer acreditar ainda mais que é possível alcançar a felicidade, sei que é difícil para ti acreditar numa felicidade futura pois sentes que não a mereces mas para mim ninguém a merece mais que tu. Eu acredito mesmo nisso. 
Mesmo no “sofrimento” me demonstravas com um sorriso que tudo iria ficar bem, apesar de viver muitas vezes com um aperto no peito por te sentir perdida.
As grandes dificuldades por que passaste serviram para me fazer entender o quão especial e maravilhosa tu és pois uma outra pessoa iria sucumbir e/ou desistir se nalgum momento da sua vida passasse por metade do que tu passaste… eu própria não conseguia sequer imaginar algumas das coisas que partilhaste comigo e que apesar da distancia me confiaste. Tu entravas a cada dia mais e mais na minha vida e é maravilhoso ter-te…”

Este pequeno texto está numa carta que lhe escrevi… Obrigada por tudo princesa. 

*****


Os primeiros raios de sol invadiam a manhã e o dia em Lisboa acordava muito quente e nem eram ainda 7 horas. A minha mãe foi buscar-me ao aeroporto e eu estava de rastos, a viagem foi magnífica mas ao mesmo tempo muito cansativa… 
Cheguei a casa ainda meio perdida por força do jet lag e olhava para o que me rodeava como se tivesse acabado de regressar de um outro planeta… agora estava na altura de começar a preparar a próxima viagem para que pudesse aproveitar bem as férias que se aproximavam, mas isso para já poderia esperar porque eu precisava era de um bom banho e de dormir descansada.
Abri a porta do quarto, este cheirava a jasmim, uns fios dourados de sol entravam pela janela quase totalmente fechada. Pousei as malas no chão, respirei fundo e fui rodando feliz pelo quarto. Acabei por me atirar para cima da cama e senti-me repousar… é bom viajar mas é ainda melhor regressar para onde nos sentimos bem.
Os meus pensamentos voavam difusos mas de repente uma pessoa surgiu e ficou presa no meu pensar… sim, o meu pensamento traiu-me e trouxe à minha memória aquela menina tão linda, a Kátia. O meu corpo reagiu instintivamente e instantaneamente causando-me um arrepio que me fez tremer, as minhas mãos passeavam pelo meu corpo e a cada toque meu sentia-me mais e mais excitada, a minha respiração acelerou e comecei a ficar também mais agitada. Na minha lembrança podia sentir o seu toque em mim e cheirar o seu perfume, podia sentir também o seu respirar no meu respirar e desejei poder tê-la beijado naquele dia…

…senti a minha face ruborizada e a boca seca, o meu corpo apesar de cansado estava sedento de prazer e por isso já não me conseguia fazer parar. Passei as mãos pelo meu rosto e o meu dedo indicador foi lambido pela minha língua, saboreado pela minha boca e aos poucos fui tirando a minha roupa… tudo era feito com calma e de maneira suave. Sentia-me a flutuar pelo desejo que aflorava em mim e o meu pensamento continuava preso naquela menina que agora sabia, mais do que nunca, amar. Sim, eu amo essa mulher… até estremecia por lembrar o seu rosto delicado, os seus olhos verdes e os seus lábios que me apetecia tanto beijar. Ai ai… não deveria pensar nestas coisas e tão pouco desejar uma amiga tão próxima mas agora já era tarde, eu queria mesmo tê-la para mim e senti-la em mim… imaginava como seria o seu corpo despido e o toque da sua pele na minha. Que loucura esta, eu estou louca!
Abri a minha blusa bem devagar, desapertando-a botão a botão e os meus dedos tremiam com a ansiedade… apertei os meus seios ainda protegidos pelo sutiã e senti-me levitar. As mãos iam passeando pela minha barriga e as unhas marcavam bem de leve a minha pele branca deixando um rasto rosado. Eu parecia estar à mercê de um encantamento… 
Já não queria nem conseguia parar… desapertei as minhas calças e uma das mãos deslizou para dentro das minhas cuequinhas de algodão e pude perceber o quão molhada estava, eu era um rio de desejo sem fim, um dos dedos tocou bem de leve o meu clítoris e soltei um gemido alto e rouco, livrei-me das calças à pressa juntamente com as cuequinhas encharcadas. Tirei então a blusa e o sutiã e arremessei-os para longe…
Estava finalmente nua mas este desejo ardente consumia-me e era de tal forma forte e poderoso que mal conseguia respirar. A minha pele arrepiava-se constantemente e toda eu vibrava com os toques ariscos que os meus dedos davam ao longo do meu corpo, toquei por fim nos meus mamilos sensíveis por força da excitação e voltei a soltar um gemido alto, achei que a minha mãe poderia ouvir mas não foi impeditivo de continuar… as minhas mãos subiam e desciam pelo meu corpo apertando-o e sentindo-o já suado e sedento de prazer.

“Não aguento mais… tenho que… preciso de ter prazer…”

Pensava eu enquanto umas das minhas mãos foi pousar sobre a minha vulva… estava depilada, totalmente depilada e sem um único pelinho. Senti-la suave e lisinha mas ao mesmo tempo tão húmida excitou-me ainda mais… sentia já os meus fluidos verter e escorrer pelas coxas. Passei então um dedo pela minha vagina percorrendo desde o meu clítoris até ao meu cuzinho, fazendo depois o caminho inverso… aí parei, comecei a massajá-lo… uí… fui ao céu e voltei (risos). Os meus gemidos eram intensos e o meu corpo arqueava-se a cada toque meu, se até aqui eu era meiguinha passei então a esfregar violentamente a minha vagina e sentia assim o clímax cada vez mais próximo. Explodi num orgasmo violentíssimo, um dos maiores que tive até hoje… senti lágrimas escorrendo dos meus olhos e rolar-me pela face, chorava não só pelo prazer gigantesco que tive mas também porque nesse momento a imagem da Kátia estava bem presente em mim...

…a minha respiração foi voltando ao normal, levantei-me a custo e tomei um banho refrescante. Deitei-me por fim e adormeci descansada lembrando que as férias ainda iriam chegar. Sim, esperava que fossem umas férias fabulosas… não só porque iria com a Sónia até à Régua mas também porque ela iria depois comigo visitar o meu pai à Alemanha e eu já sentia imensas saudades dele.

*****

A viagem foi muito agradável, a minha condução foi calma e em ritmo de passeio o que nos permitiu observar a paisagem e toda a beleza do nosso país, apesar do calor fez-se bem e relativamente rápido tendo em conta a distância entre Lisboa e a Régua… 
Pude assim conversar imenso com a Sónia e esta ficou muito surpreendida com tudo o que lhe contei. Ela ainda não sabia bem o que se estava a passar entre mim e Kátia mas com a nossa conversa percebeu tudo, tentei ser-lhe o mais sincera possível mas ao mesmo tempo medir bem as palavras para que ela não ficasse melindrada. Sim, porque apesar de não considerar a Sónia uma pessoa preconceituosa ela não aceitava bem a homossexualidade e talvez por isso a cada palavra minha ela ia ficando com a boca mais aberta de espanto e nem sequer pestanejou quando lhe disse que era lésbica e pensava estar apaixonada pela Kátia…
Pobrezinha, nem imagino o que terá sentido com tudo o que lhe contei em tão pouco tempo e assustei-me com o seu silêncio… eu sabia que a nossa amizade já havia resistido no passado a momentos muito difíceis e havia resistido também a tantas outras revelações mas esta tinha sido de facto uma revelação bombástica.
Tentei dar-lhe algum tempo para que pudesse “digerir” toda a informação mas com todo esse tempo em silêncio estava já a sentir alguma ansiedade e mil e uma coisas corriam no meu pensamento… alguns minutos depois ela voltou a falar para mim e disse algo tão simples como isto:

- “Tu és minha amiga desde sempre Aléxia, não vou deixar de gostar de ti só porque és lésbica...”

- “Ainda bem que não. Tu és muito importante para mim.”

A conversa depois disto fluiu normalmente, rimos e relembramos histórias antigas e as férias que costumávamos passar juntas… já estávamos quase a chegar quando, através de um telefonema, ficámos a saber que as obras da casa dos pais da Sónia não tinham ficado prontas a tempo… assim, houve uma mudança de planos e ficámos todos hospedados provisoriamente no Vintage House Hotel no Pinhão.
Estivemos no hotel apenas dois dias porque entretanto a tinta da casa secou e já não se notava tanto o cheiro… como era perto, a mudança foi bastante rápida, estivemos então numa azáfama para arrumar tudo e tornar a casa habitável o mais rapidamente possível.
Estivemos relaxadas e descansamos aproveitando o silêncio e a paz envolvente porque o sítio era relativamente isolado, podíamos sentir também o perfume da terra e adormecer ouvindo os grilos e acordar rejuvenescidas ouvindo os passarinhos… 
O tempo, quando estamos bem, passa muito mais rápido… os pais da Sónia ainda ficaram mas nós preparámos tudo para o regresso a Lisboa, isto porque no dia seguinte tínhamos que apanhar o avião para a Alemanha e poderia então rever o meu pai.

*****

A estadia na Alemanha foi excelente e conhecer Hannover foi muito bom. Eu e a Sónia passeámos imenso e apesar de nenhuma de nós falar alemão entendíamo-nos perfeitamente até porque quase todas as pessoas falavam inglês. A cultura germânica é muito diferente e as pessoas são mais “frias” embora tenham uma grande vantagem em relação a nós (latinos) pois são bem mais racionais e exigentes no trabalho e muito metódicas nos afazeres. Enfim, será por isso que a Alemanha é uma das maiores potências mundiais… bom, não vale a pena entrar em discussões porque essas serão outras conversas…
Na Alemanha e apesar da distância aproveitávamos para ir preparando as férias que o pessoal havia combinado para o Algarve. Íamos alugar uma vivenda e como eramos muitos acabava por ficar em conta… ao todo seríamos 11 pessoas e só eu não tinha acompanhante, não que isso me importasse mas ir sozinha e estar no meio de quatro casais não era muito agradável. Bom, mas o simples facto de ir passar férias para junto do mar e estar com as pessoas de quem gosto já me fazia sentir melhor.

Tudo corria muito bem, as coisas estavam combinadas e preparadas para a nossa ida até ao Algarve mais propriamente para Vila do Bispo (Praia de Salema) e todas as pessoas tinham confirmado a sua presença até que recebemos um telefonema alarmante, isto, um dia antes do regresso a Portugal e três dias antes da nossa ida até ao Algarve…

…o telefonema era da Kátia, chorava ao telefone e soluçava imenso pobrezinha. Nós não estávamos a conseguir perceber o que se passava e uma preocupação crescente tomava conta de ambas. Eu já tremia de tanta preocupação e enquanto isso a Sónia tentava acalmar a Kátia e a mim também.
Finalmente percebemos o que se passava e não eram boas as notícias… o Carlos, namorado dela, estava com outra mulher quando ela chegou a casa e o choque foi tão grande que sentiu o mundo desaparecer sob os seus pés. Como era possível ele ter feito algo assim? Custava compreender e piorava porque o achávamos uma pessoa fantástica… 
A chegada a Lisboa não foi assim tão agradável, mal pusemos os pés em terra fomos encontrar-nos com a Kátia e só então soubemos que o Carlos tinha saído do apartamento… ela estava muito abalada, triste e sentia-se perdida… nós falámos imenso e acima de tudo tentámos anima-la e mostrar-lhe que a única solução era seguir em frente. Se ele a havia traído era porque não gostava mesmo dela e apesar da situação ter sido traumática era melhor que ela tivesse descoberto em vez de continuar a ser enganada…
Com toda esta situação ela decidiu não ir connosco para o Algarve, achava que não iria conseguir divertir-se e que não seria uma boa companhia para quem ia… apesar dos seus argumentos nós tentámos convencê-la mas não estava fácil, até que eu lhe disse:

- “Vais deixar-me ir sozinha? Agora que estás livre já poderemos estar juntas…”

Corei e calei-me algo atrapalhada com o que tinha acabado de dizer. A verdade é que eu queria muito estar com ela e pareceu surgir ali uma excelente oportunidade. Ela então surpreendeu-nos dizendo:

- “Ok Aléxia, eu vou com vocês… como o Fábio (namorado da Sónia) só vai depois, nós podemos estar as três juntinhas, tenho sentido a vossa falta.”

Ela não ia “apenas” por minha causa mas era mesmo muito bom poder tê-la pertinho de mim… afinal eu amo, eu amo esta mulher... o simples facto de saber que ela agora já não estava a namorar enchia o meu coração de esperança, eu vivia uma panóplia de sentimentos contraditórios. Se por um lado eu queria que ela estivesse bem e feliz, por outro pensava que esta situação nos poderia aproximar… mas como? Ela é heterossexual, logo a minha tarefa tornava-se muito mais complicada, para não dizer impossível… depois eu também não queria que isso pudesse estragar a nossa amizade. Enfim, mais valia ficar quietinha…

*****


A viagem até ao Algarve foi animada e rápida… a casa que alugámos era espectacular e além de ser num condomínio fechado tinha piscina privativa e uma zona de lazer. As pessoas foram escolhendo os seus quartos, arrumando as coisas e no fim fomos até à praia para aproveitar o resto do dia e dos últimos raios de sol. Tomámos um banho e regressámos pensando no que haveríamos de fazer para jantar… 
A estadia no Algarve estava a ser o máximo e cada um fazia o que mais gostava, não tínhamos muitas saídas juntos mas tentávamos pelo menos fazer as refeições em conjunto para conversar e trocar ideias. Enfim, ter tanta gente junta é bom pela animação mas nem sempre é fácil conseguir programas que agradem a pessoas com opiniões tão diferentes.
O Fábio entretanto chegou e foi dormir com a Sónia. Assim sendo, eu e a Kátia mudamo-nos e passámos a dormir num dos quartos que ainda estava vazio e com duas camas separadas. Arranjámos então as coisas ao nosso gosto e cada uma escolheu a sua cama mas eu preferi ficar mais perto da janela porque assim podia olhar o céu e contemplar a lua que crescendo já brilhava no céu…
Sim, iriamos ter lua cheia e assim sendo muitas coisas estavam ainda por acontecer… 
Eu passo a explicar: Ela (a lua) tem uma influência marcante na minha vida para o bem e para o mal e ainda mais quando está na sua fase mais bela e misteriosa, a lua cheia.
Eu sei que pode parecer superstição ou apenas um devaneio mas na realidade sinto que a minha vida é marcada pelas fases lunares… sei que sou misteriosa mas terei também uma vertente mística?!

*****

Já passou muito tempo desde que a conheci… ela é uma menina linda, maravilhosa e com um talento imenso porque a sua escrita prendia-me… Não era pouco frequente ficar pensativa ao ponto de fazer uma introspeção depois de ler os seus textos tão simples, sentidos e ao mesmo tempo tão pertinentes por aquilo que vivia e tentava transmitir…
O seu nome é Nikita, na comunidade de que vos falei é também conhecida por “Lua Rosa” e passou a ser uma das pessoas mais importantes da minha vida. Sim, as conversas com ela eram magníficas e tê-la presente na minha vida enchia-me de alegria. Passei a ser para ela um livro aberto que se podia ler e no qual se podia também escrever… eu conseguia contar-lhe coisas que mais ninguém sabia ou imaginava de mim, ela era para mim um diário mais que secreto. Ela sabe que pode contar comigo sempre e em tudo o que precise, a nossa relação apesar de virtual supera o entendimento tal é a cumplicidade e a partilha. 

*****

A estadia no algarve estava a ser magnífica e muito divertida para todos nós, quer dizer, eu não estava assim tão bem porque as coisas com a Kátia não só não tinham avançado como até pareciam estar a regredir… ela parecia andar sempre com a cabeça na lua e pior, parecia estar sempre com os pensamentos distantes e muitas vezes era necessário chamá-la mais que uma vez para que nos respondesse.

Eu andava tristonha e só uma pessoa nesta altura me dava algum ânimo, era a “Lua Rosa” e então íamos trocando algumas mensagens por telemóvel… certa noite e por estranho que possa parecer o pessoal uniu-se e lembrou-se de fazer uma festa junto à piscina. Assim, arranjámos música ambiente, bebidas e alguns petiscos para que o “luau” fosse perfeito… e na verdade foi muito bom porque a animação durou até bastante tarde. Depois de dar uns mergulhos e quando algumas pessoas já iam abandonando a festa eu estendi-me numa espreguiçadeira e aproveitava o calor da noite e a lua cheia que brilhava no céu estrelado.

Olhei em volta e já não se via ninguém, estava sozinha e deitada na beira da piscina…
Como a noite estava tão agradável eu deixei-me estar e resolvi enviar uma mensagem para a minha lua (Lua Rosa) e começámos a conversar, coisas normais e banais mas numa certa mensagem ela demorou mais do que o normal a responder… o cansaço tomou conta de mim e acabei por adormecer.

Fui, pouco tempo depois, acordada com um beijo e assustada dei um pulo mas a Kátia rapidamente me tranquilizou e abraçando-me disse:

- “Calma Aléxia, sou eu… desculpa-me, estás com frio?”

- “Não linda, arrepiei-me com o susto.”

- “Com o susto?! Achas-me assim tão feia?”

- “Claro que não te acho feia, tu és lindíssima e sabes que gosto muito de ti.”

Ela sorrindo respondeu-me:

- “Eu sei que gostas de mim, eu também gosto muito de ti Aléxia.”

Com isto beijou-me e eu surpreendida fiquei sem qualquer reação… então e com um sorriso maroto nos lábios disse-me:

- “Já esperavas por isto faz tempo, não? Que tal foi?”

- “Foi o máximo Kátia mas eu quero mais.”

Ela então abraçou-me e beijou-me num beijo calmo, terno e sem pressas… a sua boca aveludada e macia era maravilhosa e estar ali com ela era tão mágico que me parecia um sonho. A sua língua foi forçando a entrada na minha boca e os nossos beijos aumentaram de intensidade… estávamos as duas com sede de amor e um desejo crescente tomava conta de nós, não importava onde estávamos nem se alguém nos poderia ver. Eu estava nas nuvens e sentia-me levitar…

…ela abraçava-me com força e eu sentia o seu coração bater forte no peito ou seria o meu coração? Enfim, não sei qual dos corações batia mais rápido mas uma coisa era certa, estávamos entregues uma à outra, ela olhou-me fundo nos meus olhos e mergulhámos no olhar uma da outra que qual encanto nos prendia e fazia esquecer o mundo.

A Kátia levantou-se, estendeu-me a mão e disse numa voz suave e quente:

- “Vem Aléxia, quero que sejas minha… quero amar-te por inteiro…”

- “Sim, eu vou…”

Levantei-me e demos as mãos, caminhámos juntas para casa e eu sentia em mim neste momento uma panóplia imensa de sensações e emoções… um fogo ardente de desejo aumentava no meu peito, sentia que o ar me faltava. Larguei a sua mão, abracei-a com muita força e beijei-a com tal sofreguidão que íamos perdendo a respiração.
Soltei-a e corri mergulhando na piscina, soube tão bem sentir a água envolver o meu corpo e refrescar-me… quando nadei até à orla da piscina e me preparava para sair senti alguém abraçar-me e virando-me encarei-a, ela tinha também entrado na piscina e estávamos as duas molhadas e o nosso olhar transbordava desejo. 
Fomos saindo da piscina e molhando tudo à nossa volta… parámos para tomar um duche rápido e seguimos novamente de mãos dadas para o quarto. Ao entrar senti um arrepio e o meu coração acelerar, um nervosismo crescente começou a tomar conta de mim e a Kátia parece ter percebido porque segurando o meu rosto olhou-me nos olhos e retorquiu:

- “Eu adoro-te minha linda, confia em mim…”

Não a deixei acabar a frase, beijei-a com volúpia e carinho e senti então que uma lágrima se havia soltado e rolava pela minha face… ela olhou-me, sorriu e encaminhou-me para a cama onde me sentei, ela abaixou-se à minha frente, passou a mão no meu rosto ainda húmido e foi depois passando as suas mãos pelos meus braços onde se sentia a minha pele molhada e agora arrepiada devido ao seu toque suave. 
Ela deitou-me por fim empurrando o meu corpo para trás… as minhas pernas ficaram penduradas para fora da cama e comecei a sentir a sua respiração quente junto a elas… as suas mãos deslizavam pelos meus braços e então ela agarrou as minhas mãos ao mesmo tempo que a senti beijar a parte interior das minhas coxas. Ui… que arrepio gostoso percorreu o meu corpo… os seus beijos quentes e húmidos percorriam as minhas pernas depiladas e bronzeadas descendo até aos meus pés, aí segurou-os com delicadeza e foi-mos beijando, com a sua boca foi também chupando os meus dedinhos e com a sua língua lambia-os causando-me cócegas e fazendo-me por isso rir… eu ajeitei-me na cama e ela foi regressando pelo caminho inverso beijando suavemente as minhas pernas e toda eu tremia, de desejo e de comoção pelo prazer imenso que já sentia… a minha vagina já vertia e na minha boca o meu lábio inferior era já mordido com alguma força.
A Kátia subiu para a cama, olhou-me e deitou-se ao meu lado passando os seus dedos pelo meu corpo já muito quente… beijou a minha face e eu virei-me para ela mergulhando na imensidão dos seus olhos verdes. Ela beijou-me e num movimento mais ousado fez a sua mão deslizar para baixo do meu biquíni e segurar um dos meus seios, eu com isso soltei um gemido forte e puxei-a para mim “devorando-a” num beijo selvagem e cheio de desejo. Ela então abraçou-me e as nossas mãos deslizavam pelo corpo uma da outra… ela bem mais afoita e eu um pouco mais receosa porque nunca antes tinha estado nos braços de uma mulher e ainda por cima a mulher que eu tanto amava.
Os seus beijos eram magníficos, ardentes e cheios de desejo e eu com tudo isto estava já entregue… ela percebendo isso foi beijando o meu pescoço e lambendo o lóbulo da minha orelha e eu só gemia, gemia baixinho. A sua mão enquanto ela me beijava ia tirando a parte de cima do meu biquíni e tinha já os meus seios descobertos onde os meus mamilos duros eram a parte mais visível do meu desejo de tão duros e eretos que estavam. A minha amante sedenta não aguentou ver os meus seios descobertos e abocanhou-os lambendo e mordiscando fazendo com que eu soltasse um gemido grave… o seu toque em mim, a sua língua que me lambia iam-me levando ao clímax e estava certa que não demoraria muito… tudo era feito com calma, ternura e delicadeza mas em mim um vulcão de sensações estava prestes a rebentar. A minha pele arrepiava-se permanentemente e constantemente pelos seus toques em mim, ela beijava o meu corpo inteiro e as suas mãos iam massajando e apertando cada pedaço da minha pele… eu agarrava com força a coberta da cama e gemia cada vez mais alto pouco me preocupando se alguém poderia ouvir.

A Kátia pôs-se por cima de mim, agarrou os meus seios com as mãos e foi beijando a minha barriga, depois lambia-a e por fim soprava o rasto de saliva fazendo-me arrepiar, ela vibrava com esta pequena tortura e o seu semblante demonstrava também todo o seu desejo. Os seus beijos iam-se tornando mais quentes e afoitos, ela percorria cada pedacinho e mim como se não houvesse amanhã. Eu sentia a minha vagina tão molhada que a cuequinha do meu bikini deveria estar encharcada… ela deveria ser leitora de mentes porque estando eu a pensar nisso senti que a sua língua ia lambendo em volta da minha cuequinha e nisto ela olha-me com aquele olhar sedento de prazer e diz-me:

- “Tu tens um odor fantástico… não sei se aguento mais…”

Mal tinha acabado de dizer isto começou logo a tirar a parte de baixo do biquíni, bem devagar e sempre beijando a minha pele… eu arqueei um pouco o corpo para facilitar a saída da cuequinha e aproveitei esse facto para retirar também e por completo a parte de cima do biquíni. Sim, estava agora totalmente nua e a Kátia olhava-me embevecida… notei um pouco a sua indecisão, se haveria de ficar lá em baixo ou vir beijar-me… eu chamei-a com o dedo indicador e depois levei-o à minha boca lambendo-o, foi a gota de água, ela não resistiu e veio beijar-me deslizando o seu corpo esguio pelo meu e a sua língua finalmente entrou na minha boca e nós chupava-mos a língua uma da outra num beijo molhado e bem salivado. lol
Se até aqui eu vertia excitação passei a ser um rio de desejo e prazer, era pura magia estar ali com ela e tê-la assim, a dar-me (tanto) prazer. 
A sua mão enquanto me beijava foi pousar sobre a minha vulva, ela ia-a apertando e massajando e eu gemia sem controlo nos seus braços, já não conseguia mais estar quieta e agitada mexia-me sem parar… ela começou a lamber e a chupar de novo os meus mamilos e um dos seus dedos deslizou para dentro de mim e percorreu toda a extensão da minha vagina, eu soltei um grito que de pronto foi abafado pela Kátia que nesse instante me beijou. Eu não aguentava mais tanto prazer, ela parecia ter vinte mãos porque enquanto me masturbava… sim, ela masturbava-me devagar deslizando os seus dedos finos pela minha vagina já muito molhada, ela percorria toda a sua extensão e depois chegando ao clitóris fazia o seu dedo indicador rodar, rodar circundando-o… eu não aguentava tanto prazer, como era possível fazer tudo isto ao mesmo tempo? Não sabia como era possível mas era-o de facto porque a outra mão ia massajando um dos meus seios e de quando em vez beliscava com “maldade” o meu mamilo. Tudo isto acontecia enquanto me beijava e eu parecia em transe por tanto prazer, ora a agarrava ou puxava para mim e apertava-a nos meus braços.
Ela então esgueirou-se novamente e libertando-se do meu abraço foi lambendo a minha barriga enquanto descia em direção à minha vagina, eu olhava-a ajoelhada ao meu lado e pude ver como era tão bonito o seu rabinho… fui-lhe passando as mãos nas coxas e nisto ela começou a lamber a minha vagina e chupava também o meu clitóris. Eu não me contive e gritei, gritei alto desabando depois num orgasmo violentíssimo que me deixou a visão turva e uns tremores fortíssimos percorrendo todo o meu corpo… 
…não se dando por satisfeita continuou a lamber-me, a sua língua entrava em mim e o meu corpo era percorrido por choques elétricos que me causavam espasmos constantes, apesar disso ela não parava e eu começava a sentir novamente prazer. A minha mão deslizou pela sua perna, apertei-lhe uma das nádegas e metendo-a por baixo da sua cuequinha percebi que também ela estava muitíssimo molhada, os seus fluidos já escorriam… comecei então a masturba-la um pouco à toa pela posição em que estávamos mas percebi pela sua respiração e pelos seus gemidos que estava quase a atingir o clímax. Fui massajando o seu clitóris já muito inchado quando de repente ela solta um grito e cai desfalecida para a frente tremendo.
Uau… consegui dar-lhe prazer, estava muito feliz por isso, tentei então sair de baixo dela para a ir beijar quando ela me agarra e numa voz melosa diz-me:

- “Deixa-te ficar deitadinha minha linda...”

Eu derreti-me nas suas palavras e senti-me tremer, afinal estava ainda muito molhada e com um desejo permanente em mim… estar nos braços daquela mulher era tudo o que mais queria e desejava à muito tempo. Assim e já rendida voltei a deitar-me, ela levantando-se abriu-me as pernas e ajoelhou-se entre elas. Eu estava totalmente exposta mas não poderia estar mais tranquila enquanto a Kátia me admirava… ela abaixou-se e começou a soprar suavemente para a minha vagina, eu arrepiei-me por inteiro e apertei os meus seios com força, cerrei os olhos e nesse momento senti a língua dela deslizar pela minha vagina e a sua saliva começou a misturar-se com os meus fluidos que já escorriam de mim como um rio. Ela lambia-me com delicadeza, com calma… eu senti-me flutuar quando ela começou a chupar o meu clitóris e me fez gemer alto, ela segurou então as minhas mãos e puxou-me para baixo encaixando-se em mim, tinha as pernas por cima dos seus ombros e as mãos dadas com ela na minha cintura… ela foi aumentando o ritmo chupando-me com mais força e começou a penetrar-me com um dedo, forçando a entrada da minha vagina, doeu um pouco mas com todo o prazer que sentia e com toda a envolvência eu deixei que continuasse… ela ia introduzindo mais e mais, cada vez mais fundo! Nisto senti uma dor mais forte, retorci-me e afastei-me um pouco, a Kátia não me largou e foi insistindo fazendo-me sentir mais e mais prazer, acelerou os movimentos metendo e tirando o dedo cada vez mais rápido em mim enquanto me chupava e lambia… eu comecei a tremer e explodi num orgasmo violentíssimo que me fez ficar com a respiração entrecortada e com espasmos fortes. Comecei a chorar e como ainda não respirava bem parecia que estava a ter um colapso nervoso...

A Kátia continuou ajoelhada na cama mas olhava-me com uma expressão assustada no rosto, não conseguia perceber a razão de estar assim mas depressa o entendi. A sua mão tinha sangue e também a coberta da cama estava manchada de sangue… foi quando ela tomou coragem e perguntou-me a medo:

- “Eras virgem Aléxia?”

- “Sim, eu era virgem…”

- “Não podia ter-te feito isto, não é justo…”

- “Não digas nada minha linda, eu sonho com este momento faz tempo e concretizei-o com a pessoa que eu amo. Eu amo-te Kátia…”

Dito isto comecei a chorar, ela aproximou-se de mim e abraçou-me apertando-me com força, sentia os nossos seios espalmados pela força do abraço. Era muito bom senti-la nos meus braços e quando o abraço aliviou um pouco olhámos uma para a outra e beijámo-nos com delicadeza e ternura. Ela foi lavar a mão manchada de sangue e eu ajeitei a almofada e fiquei a olhar a lua cheia que brilhava forte no céu estrelado.


A nossa noite foi mais que perfeita, foi mágica… 
Começava com a lua como testemunha a nossa história de amor.

Alexandra Miranda (26-09-2012)

Esta é terceira parte do conto para ler a continuação veja o "post" a seguir. Obrigada.
(este conto é dedicado à Ana Luísa e à Mónica (a minha lua rosa), agradeço-vos por tudo)

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