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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Lua Rosa (Cheia de Amor) - Parte III

3.ª Parte

A minha vida era agora vivida com muito mais prazer, tocava-me frequentemente porque adorava sentir o meu corpo, fazer amor comigo própria era algo maravilhoso.

Nesta fase da minha vida “reinava” em mim uma felicidade e uma alegria que se queria duradoura mas como diz o provérbio:

“Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe.” 


Assim e apesar da calma aparente e da alegria que sentia havia algo que perturbava o meu pensar e me deixava numa constante ansiedade… não parava de me lembrar do beijo que eu e a Kátia quase demos, nós tínhamos mesmo que falar até porque as coisas não estavam muito bem ou assim me parecia… será que ela me andava a evitar? Era agora muito raro nós sairmos juntas para assim poder estar com ela, parecia ter uma desculpa sempre pronta e até a Sónia notou. Como poderia eu esclarecer as coisas? Não sabia bem como o fazer nem tão pouco por onde começar…  
Eu não queria que isto estragasse a nossa amizade e para piorar a Kátia não deveria sentir o mesmo que eu, como poderia sentir? Ela além de namorar, parecia estar muito feliz… para dizer a verdade nem eu sabia bem o que estava a sentir, estaria a apaixonar-me por uma das minhas melhores amigas?
Esta situação estava a consumir-me e depois de ter falado com a Sónia resolvi então procurar a Kátia para esclarecer as coisas. Já me preparava para sair e quando o telemóvel toca, era uma mensagem do Nuno: 

- “Oi Aléxia, tudo bem contigo? Queres ir passar uns dias a Nova Iorque? Vamos no próximo dia 3 de Julho com o pessoal todo. Avisa se quiseres ir.”

Ir a Nova Iorque??? Ir a Nova Iorque no “4th of July”? Uau… ainda por cima com os amigos todos? Claro que queria ir… apesar das coisas terem sido combinadas em tão pouco tempo o convite era mesmo irrecusável, ir aos Estados Unidos e ainda por cima à Big Apple.

Com esta notícia tão boa até me esqueci do que ia fazer, mandei mensagem à Sónia a falar-lhe do convite que havia recebido e ela de pronto me respondeu:

- “Aléxia, porque pensas tanto?! Essa é uma oportunidade única, vai e diverte-te.”

- “Sim, eu sei que é uma grande oportunidade e vou com toda a certeza… O problema é que eu não quero ir sem falar com a Kátia… não quero ir sem resolver as coisas!”

- “Calma Aléxia, tem calma… ainda faltam uns dias para ires, aproveita que ela agora está em casa e vai falar com ela. Depois passas aqui em casa e falamos melhor.”

Depois de ter falado com a Sónia fiquei um pouco melhor e até mais confiante, assim sendo fui até casa da Kátia com um nervosismo crescente que, a pouco e pouco começou a tomar conta de mim. Não sabia porque razão estava eu assim…

A conversa com a Kátia foi muito boa, falámos imenso, rimos e chorámos com uma cumplicidade tal que apesar de eu já saber que ela era uma grande amiga percebi também naquele momento que tinha uma amiga para a vida… falámos também do nosso momento mais intimo e foi a parte mais incómoda da nossa conversa mas ambas chegámos à conclusão de que terá sido o fruto da envolvência criada naquela hora e não passava disso mesmo, não foi nada de especial e que tudo ficaria bem dali para a frente… apesar dessas palavras saí de lá com a mesma sensação, um pouco mais aliviada mas com o pensamento preso nesta loira tão linda e sensual… 

*****

A ida à Big Apple foi simplesmente maravilhosa, não descansei quase nada mas adorei cada momento, a cidade é de facto algo extraordinário e só foi pena ter sido uma estadia tão curta. Hei-de regressar um dia e visita-la com mais calma… 

Um pouco antes desta minha viagem acabei por fazer uma nova e grande amizade, a Luysah (a quem dedico este conto) uma pessoa especial que jamais irei esquecer. Ela entrou na minha vida com pezinhos de lã e através de uma pessoa que aos poucos ia saindo da minha vida, a Débora. Como ia viajar optei por “leva-la” comigo e assim acabámos por conversar imenso, esqueci-me foi de um detalhe… estava em roaming e com a faturação do telemóvel sempre a somar. A conta que recebi não foi agradável mas voltaria a fazê-lo... 

“Esta menina tocou-me com toda a sua delicadeza e educação, carinho e emoção de quem busca novos conhecimentos e uma verdadeira amizade. A primeira reação foi retrair-me e como de costume refugiar-me no meu mundo algo fechado mas com o insistir desta menina e com o seu jeito tão puro de ser foi-me conquistando e eu fui-me deixando envolver passando a conhece-la um pouco melhor, ainda bem. 
Bem sei que para mim eras apenas uma “Luysah”, como para tantas outras pessoas seria apenas mais uma, mas algo fez despertar uma amizade que com a distância foi crescendo e na distância se fez permanente. Sim, dizer permanente é dizer intemporal e quem sabe eterna…

“…tu nunca terás fim na minha vida pois tu és aquele tipo de pessoas que recordarei até mesmo depois da morte…”

…frase tua que agora e para ti me atrevo a prefaciar.

A pessoa que conheci era, e será ainda, uma força da natureza e uma pessoa de ações firmes, decidida em tudo o que dizia ou fazia. Ela era sem dúvida uma pessoa arrebatadora que entrando pé ante pé na minha vida se mostrou muito mais do que parecia ou desejaria demonstrar… que era também uma pessoa algo insegura e também um pouco receosa com todas as coisas que aconteciam à sua volta. A insegurança e a baixa autoestima refletiam-se nas ações e nas conversas que tínhamos mas um pouco a custo foi-me dando a conhecer mais de uma vida de sofrimento e angústia não só pelo que me contava mas também pelos desabafos que aqui e ali me deixava. Alegrava-me nesses momentos pelo alívio que nessa altura ela sentia e porque parecia de facto confiar muito em mim, era já uma confiança mútua.
Sabia que falava com uma menina mais nova que eu mas todos os dias me ensinava tanto que me sentia pequena e era um deleite ouvi-la e sentir a sua energia muito própria quer na doença ou nas diversas loucuras por que passava. Assim, aprendi que as dificuldades e obstáculos não são mais que uma ferramenta para nos fazer acreditar ainda mais que é possível alcançar a felicidade, sei que é difícil para ti acreditar numa felicidade futura pois sentes que não a mereces mas para mim ninguém a merece mais que tu. Eu acredito mesmo nisso. 
Mesmo no “sofrimento” me demonstravas com um sorriso que tudo iria ficar bem, apesar de viver muitas vezes com um aperto no peito por te sentir perdida.
As grandes dificuldades por que passaste serviram para me fazer entender o quão especial e maravilhosa tu és pois uma outra pessoa iria sucumbir e/ou desistir se nalgum momento da sua vida passasse por metade do que tu passaste… eu própria não conseguia sequer imaginar algumas das coisas que partilhaste comigo e que apesar da distancia me confiaste. Tu entravas a cada dia mais e mais na minha vida e é maravilhoso ter-te…”

Este pequeno texto está numa carta que lhe escrevi… Obrigada por tudo princesa. 

*****


Os primeiros raios de sol invadiam a manhã e o dia em Lisboa acordava muito quente e nem eram ainda 7 horas. A minha mãe foi buscar-me ao aeroporto e eu estava de rastos, a viagem foi magnífica mas ao mesmo tempo muito cansativa… 
Cheguei a casa ainda meio perdida por força do jet lag e olhava para o que me rodeava como se tivesse acabado de regressar de um outro planeta… agora estava na altura de começar a preparar a próxima viagem para que pudesse aproveitar bem as férias que se aproximavam, mas isso para já poderia esperar porque eu precisava era de um bom banho e de dormir descansada.
Abri a porta do quarto, este cheirava a jasmim, uns fios dourados de sol entravam pela janela quase totalmente fechada. Pousei as malas no chão, respirei fundo e fui rodando feliz pelo quarto. Acabei por me atirar para cima da cama e senti-me repousar… é bom viajar mas é ainda melhor regressar para onde nos sentimos bem.
Os meus pensamentos voavam difusos mas de repente uma pessoa surgiu e ficou presa no meu pensar… sim, o meu pensamento traiu-me e trouxe à minha memória aquela menina tão linda, a Kátia. O meu corpo reagiu instintivamente e instantaneamente causando-me um arrepio que me fez tremer, as minhas mãos passeavam pelo meu corpo e a cada toque meu sentia-me mais e mais excitada, a minha respiração acelerou e comecei a ficar também mais agitada. Na minha lembrança podia sentir o seu toque em mim e cheirar o seu perfume, podia sentir também o seu respirar no meu respirar e desejei poder tê-la beijado naquele dia…

…senti a minha face ruborizada e a boca seca, o meu corpo apesar de cansado estava sedento de prazer e por isso já não me conseguia fazer parar. Passei as mãos pelo meu rosto e o meu dedo indicador foi lambido pela minha língua, saboreado pela minha boca e aos poucos fui tirando a minha roupa… tudo era feito com calma e de maneira suave. Sentia-me a flutuar pelo desejo que aflorava em mim e o meu pensamento continuava preso naquela menina que agora sabia, mais do que nunca, amar. Sim, eu amo essa mulher… até estremecia por lembrar o seu rosto delicado, os seus olhos verdes e os seus lábios que me apetecia tanto beijar. Ai ai… não deveria pensar nestas coisas e tão pouco desejar uma amiga tão próxima mas agora já era tarde, eu queria mesmo tê-la para mim e senti-la em mim… imaginava como seria o seu corpo despido e o toque da sua pele na minha. Que loucura esta, eu estou louca!
Abri a minha blusa bem devagar, desapertando-a botão a botão e os meus dedos tremiam com a ansiedade… apertei os meus seios ainda protegidos pelo sutiã e senti-me levitar. As mãos iam passeando pela minha barriga e as unhas marcavam bem de leve a minha pele branca deixando um rasto rosado. Eu parecia estar à mercê de um encantamento… 
Já não queria nem conseguia parar… desapertei as minhas calças e uma das mãos deslizou para dentro das minhas cuequinhas de algodão e pude perceber o quão molhada estava, eu era um rio de desejo sem fim, um dos dedos tocou bem de leve o meu clítoris e soltei um gemido alto e rouco, livrei-me das calças à pressa juntamente com as cuequinhas encharcadas. Tirei então a blusa e o sutiã e arremessei-os para longe…
Estava finalmente nua mas este desejo ardente consumia-me e era de tal forma forte e poderoso que mal conseguia respirar. A minha pele arrepiava-se constantemente e toda eu vibrava com os toques ariscos que os meus dedos davam ao longo do meu corpo, toquei por fim nos meus mamilos sensíveis por força da excitação e voltei a soltar um gemido alto, achei que a minha mãe poderia ouvir mas não foi impeditivo de continuar… as minhas mãos subiam e desciam pelo meu corpo apertando-o e sentindo-o já suado e sedento de prazer.

“Não aguento mais… tenho que… preciso de ter prazer…”

Pensava eu enquanto umas das minhas mãos foi pousar sobre a minha vulva… estava depilada, totalmente depilada e sem um único pelinho. Senti-la suave e lisinha mas ao mesmo tempo tão húmida excitou-me ainda mais… sentia já os meus fluidos verter e escorrer pelas coxas. Passei então um dedo pela minha vagina percorrendo desde o meu clítoris até ao meu cuzinho, fazendo depois o caminho inverso… aí parei, comecei a massajá-lo… uí… fui ao céu e voltei (risos). Os meus gemidos eram intensos e o meu corpo arqueava-se a cada toque meu, se até aqui eu era meiguinha passei então a esfregar violentamente a minha vagina e sentia assim o clímax cada vez mais próximo. Explodi num orgasmo violentíssimo, um dos maiores que tive até hoje… senti lágrimas escorrendo dos meus olhos e rolar-me pela face, chorava não só pelo prazer gigantesco que tive mas também porque nesse momento a imagem da Kátia estava bem presente em mim...

…a minha respiração foi voltando ao normal, levantei-me a custo e tomei um banho refrescante. Deitei-me por fim e adormeci descansada lembrando que as férias ainda iriam chegar. Sim, esperava que fossem umas férias fabulosas… não só porque iria com a Sónia até à Régua mas também porque ela iria depois comigo visitar o meu pai à Alemanha e eu já sentia imensas saudades dele.

*****

A viagem foi muito agradável, a minha condução foi calma e em ritmo de passeio o que nos permitiu observar a paisagem e toda a beleza do nosso país, apesar do calor fez-se bem e relativamente rápido tendo em conta a distância entre Lisboa e a Régua… 
Pude assim conversar imenso com a Sónia e esta ficou muito surpreendida com tudo o que lhe contei. Ela ainda não sabia bem o que se estava a passar entre mim e Kátia mas com a nossa conversa percebeu tudo, tentei ser-lhe o mais sincera possível mas ao mesmo tempo medir bem as palavras para que ela não ficasse melindrada. Sim, porque apesar de não considerar a Sónia uma pessoa preconceituosa ela não aceitava bem a homossexualidade e talvez por isso a cada palavra minha ela ia ficando com a boca mais aberta de espanto e nem sequer pestanejou quando lhe disse que era lésbica e pensava estar apaixonada pela Kátia…
Pobrezinha, nem imagino o que terá sentido com tudo o que lhe contei em tão pouco tempo e assustei-me com o seu silêncio… eu sabia que a nossa amizade já havia resistido no passado a momentos muito difíceis e havia resistido também a tantas outras revelações mas esta tinha sido de facto uma revelação bombástica.
Tentei dar-lhe algum tempo para que pudesse “digerir” toda a informação mas com todo esse tempo em silêncio estava já a sentir alguma ansiedade e mil e uma coisas corriam no meu pensamento… alguns minutos depois ela voltou a falar para mim e disse algo tão simples como isto:

- “Tu és minha amiga desde sempre Aléxia, não vou deixar de gostar de ti só porque és lésbica...”

- “Ainda bem que não. Tu és muito importante para mim.”

A conversa depois disto fluiu normalmente, rimos e relembramos histórias antigas e as férias que costumávamos passar juntas… já estávamos quase a chegar quando, através de um telefonema, ficámos a saber que as obras da casa dos pais da Sónia não tinham ficado prontas a tempo… assim, houve uma mudança de planos e ficámos todos hospedados provisoriamente no Vintage House Hotel no Pinhão.
Estivemos no hotel apenas dois dias porque entretanto a tinta da casa secou e já não se notava tanto o cheiro… como era perto, a mudança foi bastante rápida, estivemos então numa azáfama para arrumar tudo e tornar a casa habitável o mais rapidamente possível.
Estivemos relaxadas e descansamos aproveitando o silêncio e a paz envolvente porque o sítio era relativamente isolado, podíamos sentir também o perfume da terra e adormecer ouvindo os grilos e acordar rejuvenescidas ouvindo os passarinhos… 
O tempo, quando estamos bem, passa muito mais rápido… os pais da Sónia ainda ficaram mas nós preparámos tudo para o regresso a Lisboa, isto porque no dia seguinte tínhamos que apanhar o avião para a Alemanha e poderia então rever o meu pai.

*****

A estadia na Alemanha foi excelente e conhecer Hannover foi muito bom. Eu e a Sónia passeámos imenso e apesar de nenhuma de nós falar alemão entendíamo-nos perfeitamente até porque quase todas as pessoas falavam inglês. A cultura germânica é muito diferente e as pessoas são mais “frias” embora tenham uma grande vantagem em relação a nós (latinos) pois são bem mais racionais e exigentes no trabalho e muito metódicas nos afazeres. Enfim, será por isso que a Alemanha é uma das maiores potências mundiais… bom, não vale a pena entrar em discussões porque essas serão outras conversas…
Na Alemanha e apesar da distância aproveitávamos para ir preparando as férias que o pessoal havia combinado para o Algarve. Íamos alugar uma vivenda e como eramos muitos acabava por ficar em conta… ao todo seríamos 11 pessoas e só eu não tinha acompanhante, não que isso me importasse mas ir sozinha e estar no meio de quatro casais não era muito agradável. Bom, mas o simples facto de ir passar férias para junto do mar e estar com as pessoas de quem gosto já me fazia sentir melhor.

Tudo corria muito bem, as coisas estavam combinadas e preparadas para a nossa ida até ao Algarve mais propriamente para Vila do Bispo (Praia de Salema) e todas as pessoas tinham confirmado a sua presença até que recebemos um telefonema alarmante, isto, um dia antes do regresso a Portugal e três dias antes da nossa ida até ao Algarve…

…o telefonema era da Kátia, chorava ao telefone e soluçava imenso pobrezinha. Nós não estávamos a conseguir perceber o que se passava e uma preocupação crescente tomava conta de ambas. Eu já tremia de tanta preocupação e enquanto isso a Sónia tentava acalmar a Kátia e a mim também.
Finalmente percebemos o que se passava e não eram boas as notícias… o Carlos, namorado dela, estava com outra mulher quando ela chegou a casa e o choque foi tão grande que sentiu o mundo desaparecer sob os seus pés. Como era possível ele ter feito algo assim? Custava compreender e piorava porque o achávamos uma pessoa fantástica… 
A chegada a Lisboa não foi assim tão agradável, mal pusemos os pés em terra fomos encontrar-nos com a Kátia e só então soubemos que o Carlos tinha saído do apartamento… ela estava muito abalada, triste e sentia-se perdida… nós falámos imenso e acima de tudo tentámos anima-la e mostrar-lhe que a única solução era seguir em frente. Se ele a havia traído era porque não gostava mesmo dela e apesar da situação ter sido traumática era melhor que ela tivesse descoberto em vez de continuar a ser enganada…
Com toda esta situação ela decidiu não ir connosco para o Algarve, achava que não iria conseguir divertir-se e que não seria uma boa companhia para quem ia… apesar dos seus argumentos nós tentámos convencê-la mas não estava fácil, até que eu lhe disse:

- “Vais deixar-me ir sozinha? Agora que estás livre já poderemos estar juntas…”

Corei e calei-me algo atrapalhada com o que tinha acabado de dizer. A verdade é que eu queria muito estar com ela e pareceu surgir ali uma excelente oportunidade. Ela então surpreendeu-nos dizendo:

- “Ok Aléxia, eu vou com vocês… como o Fábio (namorado da Sónia) só vai depois, nós podemos estar as três juntinhas, tenho sentido a vossa falta.”

Ela não ia “apenas” por minha causa mas era mesmo muito bom poder tê-la pertinho de mim… afinal eu amo, eu amo esta mulher... o simples facto de saber que ela agora já não estava a namorar enchia o meu coração de esperança, eu vivia uma panóplia de sentimentos contraditórios. Se por um lado eu queria que ela estivesse bem e feliz, por outro pensava que esta situação nos poderia aproximar… mas como? Ela é heterossexual, logo a minha tarefa tornava-se muito mais complicada, para não dizer impossível… depois eu também não queria que isso pudesse estragar a nossa amizade. Enfim, mais valia ficar quietinha…

*****


A viagem até ao Algarve foi animada e rápida… a casa que alugámos era espectacular e além de ser num condomínio fechado tinha piscina privativa e uma zona de lazer. As pessoas foram escolhendo os seus quartos, arrumando as coisas e no fim fomos até à praia para aproveitar o resto do dia e dos últimos raios de sol. Tomámos um banho e regressámos pensando no que haveríamos de fazer para jantar… 
A estadia no Algarve estava a ser o máximo e cada um fazia o que mais gostava, não tínhamos muitas saídas juntos mas tentávamos pelo menos fazer as refeições em conjunto para conversar e trocar ideias. Enfim, ter tanta gente junta é bom pela animação mas nem sempre é fácil conseguir programas que agradem a pessoas com opiniões tão diferentes.
O Fábio entretanto chegou e foi dormir com a Sónia. Assim sendo, eu e a Kátia mudamo-nos e passámos a dormir num dos quartos que ainda estava vazio e com duas camas separadas. Arranjámos então as coisas ao nosso gosto e cada uma escolheu a sua cama mas eu preferi ficar mais perto da janela porque assim podia olhar o céu e contemplar a lua que crescendo já brilhava no céu…
Sim, iriamos ter lua cheia e assim sendo muitas coisas estavam ainda por acontecer… 
Eu passo a explicar: Ela (a lua) tem uma influência marcante na minha vida para o bem e para o mal e ainda mais quando está na sua fase mais bela e misteriosa, a lua cheia.
Eu sei que pode parecer superstição ou apenas um devaneio mas na realidade sinto que a minha vida é marcada pelas fases lunares… sei que sou misteriosa mas terei também uma vertente mística?!

*****

Já passou muito tempo desde que a conheci… ela é uma menina linda, maravilhosa e com um talento imenso porque a sua escrita prendia-me… Não era pouco frequente ficar pensativa ao ponto de fazer uma introspeção depois de ler os seus textos tão simples, sentidos e ao mesmo tempo tão pertinentes por aquilo que vivia e tentava transmitir…
O seu nome é Nikita, na comunidade de que vos falei é também conhecida por “Lua Rosa” e passou a ser uma das pessoas mais importantes da minha vida. Sim, as conversas com ela eram magníficas e tê-la presente na minha vida enchia-me de alegria. Passei a ser para ela um livro aberto que se podia ler e no qual se podia também escrever… eu conseguia contar-lhe coisas que mais ninguém sabia ou imaginava de mim, ela era para mim um diário mais que secreto. Ela sabe que pode contar comigo sempre e em tudo o que precise, a nossa relação apesar de virtual supera o entendimento tal é a cumplicidade e a partilha. 

*****

A estadia no algarve estava a ser magnífica e muito divertida para todos nós, quer dizer, eu não estava assim tão bem porque as coisas com a Kátia não só não tinham avançado como até pareciam estar a regredir… ela parecia andar sempre com a cabeça na lua e pior, parecia estar sempre com os pensamentos distantes e muitas vezes era necessário chamá-la mais que uma vez para que nos respondesse.

Eu andava tristonha e só uma pessoa nesta altura me dava algum ânimo, era a “Lua Rosa” e então íamos trocando algumas mensagens por telemóvel… certa noite e por estranho que possa parecer o pessoal uniu-se e lembrou-se de fazer uma festa junto à piscina. Assim, arranjámos música ambiente, bebidas e alguns petiscos para que o “luau” fosse perfeito… e na verdade foi muito bom porque a animação durou até bastante tarde. Depois de dar uns mergulhos e quando algumas pessoas já iam abandonando a festa eu estendi-me numa espreguiçadeira e aproveitava o calor da noite e a lua cheia que brilhava no céu estrelado.

Olhei em volta e já não se via ninguém, estava sozinha e deitada na beira da piscina…
Como a noite estava tão agradável eu deixei-me estar e resolvi enviar uma mensagem para a minha lua (Lua Rosa) e começámos a conversar, coisas normais e banais mas numa certa mensagem ela demorou mais do que o normal a responder… o cansaço tomou conta de mim e acabei por adormecer.

Fui, pouco tempo depois, acordada com um beijo e assustada dei um pulo mas a Kátia rapidamente me tranquilizou e abraçando-me disse:

- “Calma Aléxia, sou eu… desculpa-me, estás com frio?”

- “Não linda, arrepiei-me com o susto.”

- “Com o susto?! Achas-me assim tão feia?”

- “Claro que não te acho feia, tu és lindíssima e sabes que gosto muito de ti.”

Ela sorrindo respondeu-me:

- “Eu sei que gostas de mim, eu também gosto muito de ti Aléxia.”

Com isto beijou-me e eu surpreendida fiquei sem qualquer reação… então e com um sorriso maroto nos lábios disse-me:

- “Já esperavas por isto faz tempo, não? Que tal foi?”

- “Foi o máximo Kátia mas eu quero mais.”

Ela então abraçou-me e beijou-me num beijo calmo, terno e sem pressas… a sua boca aveludada e macia era maravilhosa e estar ali com ela era tão mágico que me parecia um sonho. A sua língua foi forçando a entrada na minha boca e os nossos beijos aumentaram de intensidade… estávamos as duas com sede de amor e um desejo crescente tomava conta de nós, não importava onde estávamos nem se alguém nos poderia ver. Eu estava nas nuvens e sentia-me levitar…

…ela abraçava-me com força e eu sentia o seu coração bater forte no peito ou seria o meu coração? Enfim, não sei qual dos corações batia mais rápido mas uma coisa era certa, estávamos entregues uma à outra, ela olhou-me fundo nos meus olhos e mergulhámos no olhar uma da outra que qual encanto nos prendia e fazia esquecer o mundo.

A Kátia levantou-se, estendeu-me a mão e disse numa voz suave e quente:

- “Vem Aléxia, quero que sejas minha… quero amar-te por inteiro…”

- “Sim, eu vou…”

Levantei-me e demos as mãos, caminhámos juntas para casa e eu sentia em mim neste momento uma panóplia imensa de sensações e emoções… um fogo ardente de desejo aumentava no meu peito, sentia que o ar me faltava. Larguei a sua mão, abracei-a com muita força e beijei-a com tal sofreguidão que íamos perdendo a respiração.
Soltei-a e corri mergulhando na piscina, soube tão bem sentir a água envolver o meu corpo e refrescar-me… quando nadei até à orla da piscina e me preparava para sair senti alguém abraçar-me e virando-me encarei-a, ela tinha também entrado na piscina e estávamos as duas molhadas e o nosso olhar transbordava desejo. 
Fomos saindo da piscina e molhando tudo à nossa volta… parámos para tomar um duche rápido e seguimos novamente de mãos dadas para o quarto. Ao entrar senti um arrepio e o meu coração acelerar, um nervosismo crescente começou a tomar conta de mim e a Kátia parece ter percebido porque segurando o meu rosto olhou-me nos olhos e retorquiu:

- “Eu adoro-te minha linda, confia em mim…”

Não a deixei acabar a frase, beijei-a com volúpia e carinho e senti então que uma lágrima se havia soltado e rolava pela minha face… ela olhou-me, sorriu e encaminhou-me para a cama onde me sentei, ela abaixou-se à minha frente, passou a mão no meu rosto ainda húmido e foi depois passando as suas mãos pelos meus braços onde se sentia a minha pele molhada e agora arrepiada devido ao seu toque suave. 
Ela deitou-me por fim empurrando o meu corpo para trás… as minhas pernas ficaram penduradas para fora da cama e comecei a sentir a sua respiração quente junto a elas… as suas mãos deslizavam pelos meus braços e então ela agarrou as minhas mãos ao mesmo tempo que a senti beijar a parte interior das minhas coxas. Ui… que arrepio gostoso percorreu o meu corpo… os seus beijos quentes e húmidos percorriam as minhas pernas depiladas e bronzeadas descendo até aos meus pés, aí segurou-os com delicadeza e foi-mos beijando, com a sua boca foi também chupando os meus dedinhos e com a sua língua lambia-os causando-me cócegas e fazendo-me por isso rir… eu ajeitei-me na cama e ela foi regressando pelo caminho inverso beijando suavemente as minhas pernas e toda eu tremia, de desejo e de comoção pelo prazer imenso que já sentia… a minha vagina já vertia e na minha boca o meu lábio inferior era já mordido com alguma força.
A Kátia subiu para a cama, olhou-me e deitou-se ao meu lado passando os seus dedos pelo meu corpo já muito quente… beijou a minha face e eu virei-me para ela mergulhando na imensidão dos seus olhos verdes. Ela beijou-me e num movimento mais ousado fez a sua mão deslizar para baixo do meu biquíni e segurar um dos meus seios, eu com isso soltei um gemido forte e puxei-a para mim “devorando-a” num beijo selvagem e cheio de desejo. Ela então abraçou-me e as nossas mãos deslizavam pelo corpo uma da outra… ela bem mais afoita e eu um pouco mais receosa porque nunca antes tinha estado nos braços de uma mulher e ainda por cima a mulher que eu tanto amava.
Os seus beijos eram magníficos, ardentes e cheios de desejo e eu com tudo isto estava já entregue… ela percebendo isso foi beijando o meu pescoço e lambendo o lóbulo da minha orelha e eu só gemia, gemia baixinho. A sua mão enquanto ela me beijava ia tirando a parte de cima do meu biquíni e tinha já os meus seios descobertos onde os meus mamilos duros eram a parte mais visível do meu desejo de tão duros e eretos que estavam. A minha amante sedenta não aguentou ver os meus seios descobertos e abocanhou-os lambendo e mordiscando fazendo com que eu soltasse um gemido grave… o seu toque em mim, a sua língua que me lambia iam-me levando ao clímax e estava certa que não demoraria muito… tudo era feito com calma, ternura e delicadeza mas em mim um vulcão de sensações estava prestes a rebentar. A minha pele arrepiava-se permanentemente e constantemente pelos seus toques em mim, ela beijava o meu corpo inteiro e as suas mãos iam massajando e apertando cada pedaço da minha pele… eu agarrava com força a coberta da cama e gemia cada vez mais alto pouco me preocupando se alguém poderia ouvir.

A Kátia pôs-se por cima de mim, agarrou os meus seios com as mãos e foi beijando a minha barriga, depois lambia-a e por fim soprava o rasto de saliva fazendo-me arrepiar, ela vibrava com esta pequena tortura e o seu semblante demonstrava também todo o seu desejo. Os seus beijos iam-se tornando mais quentes e afoitos, ela percorria cada pedacinho e mim como se não houvesse amanhã. Eu sentia a minha vagina tão molhada que a cuequinha do meu bikini deveria estar encharcada… ela deveria ser leitora de mentes porque estando eu a pensar nisso senti que a sua língua ia lambendo em volta da minha cuequinha e nisto ela olha-me com aquele olhar sedento de prazer e diz-me:

- “Tu tens um odor fantástico… não sei se aguento mais…”

Mal tinha acabado de dizer isto começou logo a tirar a parte de baixo do biquíni, bem devagar e sempre beijando a minha pele… eu arqueei um pouco o corpo para facilitar a saída da cuequinha e aproveitei esse facto para retirar também e por completo a parte de cima do biquíni. Sim, estava agora totalmente nua e a Kátia olhava-me embevecida… notei um pouco a sua indecisão, se haveria de ficar lá em baixo ou vir beijar-me… eu chamei-a com o dedo indicador e depois levei-o à minha boca lambendo-o, foi a gota de água, ela não resistiu e veio beijar-me deslizando o seu corpo esguio pelo meu e a sua língua finalmente entrou na minha boca e nós chupava-mos a língua uma da outra num beijo molhado e bem salivado. lol
Se até aqui eu vertia excitação passei a ser um rio de desejo e prazer, era pura magia estar ali com ela e tê-la assim, a dar-me (tanto) prazer. 
A sua mão enquanto me beijava foi pousar sobre a minha vulva, ela ia-a apertando e massajando e eu gemia sem controlo nos seus braços, já não conseguia mais estar quieta e agitada mexia-me sem parar… ela começou a lamber e a chupar de novo os meus mamilos e um dos seus dedos deslizou para dentro de mim e percorreu toda a extensão da minha vagina, eu soltei um grito que de pronto foi abafado pela Kátia que nesse instante me beijou. Eu não aguentava mais tanto prazer, ela parecia ter vinte mãos porque enquanto me masturbava… sim, ela masturbava-me devagar deslizando os seus dedos finos pela minha vagina já muito molhada, ela percorria toda a sua extensão e depois chegando ao clitóris fazia o seu dedo indicador rodar, rodar circundando-o… eu não aguentava tanto prazer, como era possível fazer tudo isto ao mesmo tempo? Não sabia como era possível mas era-o de facto porque a outra mão ia massajando um dos meus seios e de quando em vez beliscava com “maldade” o meu mamilo. Tudo isto acontecia enquanto me beijava e eu parecia em transe por tanto prazer, ora a agarrava ou puxava para mim e apertava-a nos meus braços.
Ela então esgueirou-se novamente e libertando-se do meu abraço foi lambendo a minha barriga enquanto descia em direção à minha vagina, eu olhava-a ajoelhada ao meu lado e pude ver como era tão bonito o seu rabinho… fui-lhe passando as mãos nas coxas e nisto ela começou a lamber a minha vagina e chupava também o meu clitóris. Eu não me contive e gritei, gritei alto desabando depois num orgasmo violentíssimo que me deixou a visão turva e uns tremores fortíssimos percorrendo todo o meu corpo… 
…não se dando por satisfeita continuou a lamber-me, a sua língua entrava em mim e o meu corpo era percorrido por choques elétricos que me causavam espasmos constantes, apesar disso ela não parava e eu começava a sentir novamente prazer. A minha mão deslizou pela sua perna, apertei-lhe uma das nádegas e metendo-a por baixo da sua cuequinha percebi que também ela estava muitíssimo molhada, os seus fluidos já escorriam… comecei então a masturba-la um pouco à toa pela posição em que estávamos mas percebi pela sua respiração e pelos seus gemidos que estava quase a atingir o clímax. Fui massajando o seu clitóris já muito inchado quando de repente ela solta um grito e cai desfalecida para a frente tremendo.
Uau… consegui dar-lhe prazer, estava muito feliz por isso, tentei então sair de baixo dela para a ir beijar quando ela me agarra e numa voz melosa diz-me:

- “Deixa-te ficar deitadinha minha linda...”

Eu derreti-me nas suas palavras e senti-me tremer, afinal estava ainda muito molhada e com um desejo permanente em mim… estar nos braços daquela mulher era tudo o que mais queria e desejava à muito tempo. Assim e já rendida voltei a deitar-me, ela levantando-se abriu-me as pernas e ajoelhou-se entre elas. Eu estava totalmente exposta mas não poderia estar mais tranquila enquanto a Kátia me admirava… ela abaixou-se e começou a soprar suavemente para a minha vagina, eu arrepiei-me por inteiro e apertei os meus seios com força, cerrei os olhos e nesse momento senti a língua dela deslizar pela minha vagina e a sua saliva começou a misturar-se com os meus fluidos que já escorriam de mim como um rio. Ela lambia-me com delicadeza, com calma… eu senti-me flutuar quando ela começou a chupar o meu clitóris e me fez gemer alto, ela segurou então as minhas mãos e puxou-me para baixo encaixando-se em mim, tinha as pernas por cima dos seus ombros e as mãos dadas com ela na minha cintura… ela foi aumentando o ritmo chupando-me com mais força e começou a penetrar-me com um dedo, forçando a entrada da minha vagina, doeu um pouco mas com todo o prazer que sentia e com toda a envolvência eu deixei que continuasse… ela ia introduzindo mais e mais, cada vez mais fundo! Nisto senti uma dor mais forte, retorci-me e afastei-me um pouco, a Kátia não me largou e foi insistindo fazendo-me sentir mais e mais prazer, acelerou os movimentos metendo e tirando o dedo cada vez mais rápido em mim enquanto me chupava e lambia… eu comecei a tremer e explodi num orgasmo violentíssimo que me fez ficar com a respiração entrecortada e com espasmos fortes. Comecei a chorar e como ainda não respirava bem parecia que estava a ter um colapso nervoso...

A Kátia continuou ajoelhada na cama mas olhava-me com uma expressão assustada no rosto, não conseguia perceber a razão de estar assim mas depressa o entendi. A sua mão tinha sangue e também a coberta da cama estava manchada de sangue… foi quando ela tomou coragem e perguntou-me a medo:

- “Eras virgem Aléxia?”

- “Sim, eu era virgem…”

- “Não podia ter-te feito isto, não é justo…”

- “Não digas nada minha linda, eu sonho com este momento faz tempo e concretizei-o com a pessoa que eu amo. Eu amo-te Kátia…”

Dito isto comecei a chorar, ela aproximou-se de mim e abraçou-me apertando-me com força, sentia os nossos seios espalmados pela força do abraço. Era muito bom senti-la nos meus braços e quando o abraço aliviou um pouco olhámos uma para a outra e beijámo-nos com delicadeza e ternura. Ela foi lavar a mão manchada de sangue e eu ajeitei a almofada e fiquei a olhar a lua cheia que brilhava forte no céu estrelado.


A nossa noite foi mais que perfeita, foi mágica… 
Começava com a lua como testemunha a nossa história de amor.

Alexandra Miranda (26-09-2012)

Esta é terceira parte do conto para ler a continuação veja o "post" a seguir. Obrigada.
(este conto é dedicado à Ana Luísa e à Mónica (a minha lua rosa), agradeço-vos por tudo)

Lua Rosa (Cheia de Amor) - Parte II

2.ª Parte

O tempo foi passando e nunca mais me interessei por um rapaz, havia um ou outro que me agradava mas quando o conhecia melhor a coisa não avançava. Assim sendo, passava cada vez mais tempo com a Sónia, íamos juntas para todo o lado e éramos cada vez mais cúmplices porque ela também não tinha namorado.

Antes de mais deixem-me apresentar a Sónia, ela é uma rapariga linda, tem 1,69 metros, cabelos longos e ondulados com madeixas louras, tem olhos castanhos e lábios carnudos que saltam à vista, o seu corpo é roliço mas cheio de curvas pois tem uns seios enormes e firmes, o seu rabo então é qualquer coisa, uma verdadeira tentação, além disso tem umas pernas bem torneadas com coxas grossas. Enfim, é uma mulher linda.

Nós já nos conhecemos desde os tempos da primária e sempre estudámos juntas, inclusive no colégio, sempre fomos como irmãs e entre nós nunca houve segredos. A nossa amizade ficou ainda mais forte depois de uma grande perda, uma das nossas melhores amigas faleceu num acidente de automóvel…
Eu não morri também nesse violento acidente por mera sorte, apesar de ter ficado em coma durante alguns dias. Quando já todos temiam o pior, eu recuperei e na totalidade. 

Com tudo isso fomos o apoio uma da outra mas a bem da verdade ela foi muito mais o meu apoio que eu o dela. Nessa altura trágica a Kátia passou a ter também uma presença muito mais forte nas nossas vidas, ela é prima da Vera (a minha amiga que faleceu).

A Kátia já namorava e trabalhava, por esse motivo não saía muitas vezes connosco mas sempre que podíamos dávamos umas fugidas e íamos passar uns dias fora ou aproveitávamos para ir às compras ou passear a qualquer lado, de facto nunca estávamos quietas e era uma alegria constante embora por vezes as lembranças trouxessem de volta aquele dia fatídico. Tudo corria muito bem e o nossa amizade pela Kátia crescia a cada dia e o facto de ela ser mais velha ajudava bastante pois sempre tinha mais experiência, não só de vida mas também porque ela era bem fogosa e desbocada, dizia tudo o que lhe ia na cabeça. Além disso tinha namorado o que para nós era uma grande ajuda devido aos conselhos pertinentes que sempre nos dava. 
Numa dessas vezes estávamos no meu quarto na conversa e falávamos alegremente sobre os mais diversos assuntos. Eu estava deitada na cama e ela sentada num dos “puff’s” que tenho, a conversa animou eu levantei-me da cama e ela veio para perto de mim abraçando-me e com esse movimento caímos as duas sobre a cama. Riamos como duas loucas e numa troca de olhares mais profundo parámos de rir e mergulhámos no interior uma da outra… foi uma sensação tão estranha e tão boa ao mesmo tempo que os nossos rostos se aproximavam e sentíamos já a respiração uma da outra bem perto. Nesse aproximar que pareceu durar imenso tempo os nossos lábios quase se tocaram… 

A Kátia, faltava falar dela, tem 1,72 metros e é simplesmente perfeita de tão linda, tem um rosto delicado e branquinho com sardas, tem olhos verdes e um cabelo loiro brilhante como ouro. O seu corpo é absolutamente perfeito, tem umas pernas lindas, uns seios grandes e firmes, um rabinho arrebitado e bem torneado. Bom, ela é mesmo uma mulher que faz parar o trânsito.

O tempo foi passando e nas nossas vidas tudo corria relativamente bem, o único problema que por vezes surgia era uma queixa constante da Sónia. Sentia-se frustrada por não ter namorado e não percebia como eu não estava nem aí para isso… para dizer a verdade eu não me interessava minimamente com isso, para mim ter ou não ter namorado era igual. 

*****

A minha vida no entanto estava prestes a mudar, como se já não tivesse mudado o suficiente e para pior.

Decorria o mês de Agosto de 2009 e estava a regressar do Dubai, com os meus pais, onde tinha passado umas férias perfeitas de tão maravilhosas, quando ao fazer escala na Alemanha o meu pai me diz que não vai regressar a Portugal. Confesso que não percebi mas a minha mãe na chegada a Lisboa esclareceu-me e o meu mundo parece ter parado no tempo. Os meus pais iam divorciar-se.

Não percebia como tantos anos após terem casado se iriam divorciar (eles estavam casados há mais de 30 anos), não compreendia como me puderam esconder tal coisa sendo que nem sequer tinha percebido que as coisas estavam mal entre eles.
 A minha vida que parecia estar novamente a entrar nos eixos sofreu um revés inesperado e a partir daí fui ficando cada vez mais isolada e só. Estava só por opção pois não tinha cabeça para sair e divertir-me apesar das constantes insistências da Sónia e da Kátia. O meu pai mudou-se de malas e bagagens para a Alemanha e eu para a minha mãe quase deixei de existir… 
Passava imenso tempo fechada no meu quarto e navegava pela internet tentando esquecer e acima de tudo compreender o que tinha acontecido, seria culpa minha? Talvez fosse, não sei… nessa altura muitas coisas me passavam pela cabeça e a rebeldia começou a tomar conta das minhas ações. 
Se a relação com a minha mãe sempre tinha sido algo “azeda” nestes dias era bem pior pois discutíamos muito e já nem falávamos porque ela começou a dedicar-se cada vez mais ao seu trabalho (ela é juíza) e a única pessoa lá em casa com quem falava era a Margarida, a nossa empregada, que é uma segunda mãe para mim. Ela tentava acalmar-me e até chamar-me à razão mas estava a ser extremamente difícil suportar esta enorme desilusão e toda a angústia que na altura eu sentia. Como queria que a Vera estivesse aqui comigo…
Certo dia estava na internet quando descobri uma comunidade onde se podia falar, postar conteúdos, fotos e até criar um blogue. Sempre fui alertada para os perigos da internet e de todos os seus malefícios mas decidi mesmo assim fazer o registo e conectar-me.
A comunidade em causa era agradável, tinha bastante gente com as mais variadas culturas, maneiras de pensar e credos, toda a gente falava numa espécie de chat e era muito engraçado porque não havia ninguém, fosse novo ou velho, posto de parte nas conversas pertinentes e atentas que ali se desenrolavam… fosse qual fosse o assunto. Era uma comunidade à minha medida pois podia exprimir tudo o que sentia e conversar, acima de tudo conversar. Numa dessas conversas no chat conheci o Israel, um rapaz muito simpático e com o qual comecei a falar, falávamos diariamente. Ele era muito inteligente e perspicaz na sua maneira muito própria de ver as coisas e por isso chocávamos de frente em alguns assuntos e tentávamos assim defender os nossos ideais o melhor que podíamos e sabíamos. Adorava falar com ele mas a certa altura ele desapareceu… 
Fiquei bastante triste porque a minha ida aquela comunidade era já um vício e falar com ele então era uma dependência. Tentei então e através de uma amiga sua perceber o que se tinha passado. Aos poucos comecei a falar com ela, embora ela não tenha simpatizado muito comigo ao princípio, nem lhe tenha agradado a ideia de a ter “usado” para chegar ao Israel mas aos poucos começámos a falar mais e mais… era muito bom falar com ela e as nossas conversas estendiam-se por muito tempo. Estávamos já a criar uma certa intimidade. 

*****

Em Dezembro de 2009 fui passar o natal à Alemanha com o meu pai e também com a Sónia, foi um inverno muito rigoroso em toda a Europa e pouco ou nada conheci dessa cidade fantástica que é Hannover. 
No regresso da Alemanha trouxe comigo um telemóvel para que pudesse estar mais vezes ligada à tal comunidade e não só… passei a estar também mais ligada à Débora (a minha amiga virtual) e a certo momento já não era só na internet que falávamos pois tínhamos trocado os nossos números de telemóvel e assim eu levava-a para todo e qualquer lado que fosse. Acordava e adormecia a falar com ela… não percebia como uma mulher podia mexer tanto comigo e estava muito baralhada com a panóplia de sentimentos e emoções que sentia.
A cada dia que passava mais confusa me sentia porque tendo ela 31 anos e sendo casada e com um filho não deveria estar a envolver-se com uma miúda de apenas 21… talvez fosse apenas e só impressão minha mas parecia que me estava a apaixonar por esta mulher tão envolvente e poderosa. Mas como? Seria possível?

A minha relação com a Débora não era de facto uma relação normal, estávamos separadas por muitos quilómetros e também por vidas totalmente opostas, eu estudava e ela trabalhava. A nossa relação baseava-se mais na necessidade de estarmos permanentemente em contacto uma com a outra. Eu como já referi acordava e adormecia a falar com ela, fosse na faculdade, no carro ou mesmo quando saia com as minhas amigas. As nossas conversas apesar de íntimas nunca roçaram o erotismo nem a linguagem obscena mas eu sentia uma envolvência tal que me sentia tremer e um calor estranho a fervilhar sob a minha pele…
Não sou, nem nunca fui preconceituosa mas como seria possível? Seria eu lésbica? Sim, é disso que estou a falar… ser lésbica! Não me interessava minimamente com isso mas era no mínimo estranho que nunca tivesse sentido algo assim por uma mulher, eu até sabia que não sentia nada por homens… não sentia desde aquele tempo que passei com o Ivo mas também nunca o tinha sentido por uma mulher.
Bom, estava finalmente a descobrir a minha orientação sexual até ali tão difusa e pouco ativa, digo pouco ativa porque nunca antes tinha sentido o desejo verdadeiro, claro que me masturbava mas não era nada frequente e muitas das vezes servia apenas para libertar a tensão e não para sentir o prazer propriamente dito… nesta fase da minha vida comecei a sentir cada vez mais desejo e não era pouco frequente tocar-me e necessitar de ter prazer, fosse ao acordar ou ao adormecer, e os meus pensamentos voavam para aquela mulher que me encantava e que eu queria ter para mim. Estava cada vez mais apaixonada e creio que se notava.
As coisas com a Débora corriam bem até certo ponto porque a distância que nos separava acabava sempre por ser uma barreira quase intransponível… na minha cabeça fervilhava cada vez mais a ideia louca de deixar tudo e correr para os braços daquela mulher que me enfeitiçava e até esquecia que ela era casada e tinha um filho. 

Neste momento em que tantas dúvidas toldavam o meu pensamento e o meu normal discernimento a minha mãe, vendo-me tão agarrada a um novo telemóvel e sempre com um ar de menina comprometida, começou a desconfiar e como ela era perspicaz! Nada lhe escapava. 

Assim, quando um dia me chamou para termos uma conversa correu em mim um misto de receio e alegria pois nessa altura senti que esta mulher austera e dura afinal não me tinha esquecido e ainda se preocupava comigo. Nós não falávamos muito mas eu sempre lhe fui sincera e contava tudo o que se passava comigo, diga-se que apesar das nossas divergências as conversas eram fantásticas… esta contudo foi uma conversa que me trouxe de volta à terra porque a minha mãe me confrontou com tudo o que se passava comigo e chamou-me à razão dizendo que era uma loucura esta mulher sendo casada e ainda por cima mãe de uma criança estar a alimentar uma paixão com uma miúda como eu… ela não duvidava dos nossos sentimentos mas havia que colocar um ponto final numa relação que poderia tornar-se um fardo demasiado pesado para ambas embora ela estivesse como é obvio mais preocupada comigo. Isto porque eu estava encantada, apaixonada e tudo me parecia belo e maravilhoso. 
A sua preocupação no fundo prendia-se com o facto de poder sofrer no futuro uma grande desilusão. Foi com um grande aperto no coração e lágrimas a rolando pela minha face que eu terminei tudo com a Débora dizendo-lhe que não mais poderíamos falar. Ela não compreendeu e eu não a queria ter perdido assim… 
Agora e protegida pelo tempo posso dizer que apesar de nunca a ter conhecido pessoalmente ela foi sem dúvida o meu primeiro e grande amor…

Depois deste episódio tudo mudou, estava mais solta e confiante mas era permanente no meu pensamento uma pessoa… a Débora. Já não falava mais com ela e isso magoava-me muito porque a sentia como alguém tão especial que me tinha também permitido conhecer a minha verdadeira sexualidade. 

Apesar de tudo isto continuei a frequentar aquela comunidade que tanto me agradava, os diálogos eram fantásticos e envolventes. O tempo foi passando e conheci duas meninas fabulosas, a Su e a Kat, elas eram incríveis e as nossas conversas mágicas deixavam toda a gente de olhos colados no chat tal era a nossa envolvência e a nossa intimidade. Adorávamos provocar e não era pouco frequente a conversa descambar e tornar-se por si só mais interessante, o erotismo e a sensualidade pairavam no ar e provocávamo-nos com um desejo crescente. Era fantástico e eu apesar de algo tímida adorava toda aquela volúpia. Numa dessas conversas um desejo incontrolável tomou conta do meu corpo… despedi-me à pressa e corri para o banho na tentativa desesperada de aliviar toda esta tensão. A minha roupa ficou espalhada pelo quarto e a água fria no chuveiro rolou pelo meu corpo ardente de desejo, apesar da água fria que caía, o que me fazia arrepiar era mesmo o toque das minhas mãos ao passear pelo meu corpo quente… sentir os meus seios com os mamilos duros deixou-me em êxtase, uma das mãos segurou firmemente um deles e a outra foi descendo, descendo até sentir a minha vagina já muito molhada mas não só pela água que escorria qual cascata… fui introduzindo então com delicadeza e calma um dedo na minha vagina e o prazer que fui sentindo era indescritível, as minhas pernas tremiam e os meus gemidos começaram a misturar-se com o som da água que caia incessantemente. A minha dança era louca e sentia-me tão bem… o prazer já era muito mas eu queria mais, muito mais. Retirei devagar o dedo que me penetrava e levei-o depois à minha boca saboreando o meu próprio gosto… gostei do sabor ácido e algo salgado, assim sendo voltei a introduzir dois dos meus dedos em mim porque era mesmo muito bom mas também porque adorava o meu gosto… toquei então num desses movimentos no meu clítoris, soltei um grito estremecendo e amparei-me na parede para não cair pois as minhas pernas tremeram e cederam tamanho era o prazer que nesta altura sentia. Explodi pouco tempo depois num orgasmo alucinante que me toldou a visão e me fez ajoelhar no chão molhado e gelado… toda eu tremia e não só pelo frio mas também pelo intenso prazer que me percorria o corpo. Levantei-me a custo e depois de arrumar tudo deitei-me na cama e adormeci, feliz e descansada…

*****

A minha vida era vivida da universidade para casa e de casa para a universidade, quase não me encontrava com as minhas amigas e o pouco tempo que tinha era para estar ligada aquela comunidade que me dava tanto prazer (em todos os sentidos). Tudo se desenrolava normalmente e cada vez mais me sentia atraída pelas conversas e por toda a intimidade ali criada. Uma certa noite, quente por sinal, conheci uma pessoa nova e bastante envolvente, a Fá… a conversa foi ficando animada e depressa chegou a assuntos e termos mais quentes. Eu comecei a sentir o meu corpo aquecer e sentei-me num dos sofás do terraço enquanto falava com aquela menina que a cada palavra me deixava mais e mais presa. A lua cheia brilhava no céu e iluminava-me ali, sentada em trajes menores pois vestia apenas uns shorts pequenos e uma t-shirt de alças bastante pequena, a bem da verdade, eu estava mais despida que vestida e enquanto a conversa se desenrolava o calor tomava conta do meu corpo e apesar de estar na rua sentia imenso calor… já era bastante tarde e por isso voltei para dentro, mais propriamente para a minha caminha…
A Fá era fantástica e dizia coisas que me tocavam bem no íntimo, sentia-me tão bem que um desejo crescente começou a tomar conta de mim, aos poucos as minhas mãos começaram a percorrer o meu corpo e eu já me tocava sentido a minha pele arrepiar não só com o toque suave dos meus dedos mas também com as palavras doces e atrevidas que a Fá me escrevia… uau!

“Sou mesmo lésbica.” - pensava eu enquanto a provocava dizendo querer sentir todo o seu corpo em mim. 

Nós estávamos em perfeita sintonia e o meu prazer nesta altura era tal que me sentia flutuar... ria e vibrava com todas as palavras ditas, como é que uma menina até ali desconhecida me fazia sentir assim? Nesta altura já me encontrava nua, a pouca roupa que vestia foi tirada à pressa, rebolava pela cama e tocava-me com uma tal intensidade que os meus seios inchados pareciam querer rebentar tamanha era a excitação. A minha vagina estava tão molhada que os meus fluidos escorriam, era maravilhoso sentir os meus dedos a entrar e a sair fazendo aquele barulho tão característico. O prazer fluía e toda eu era um vulcão à espera de explodir, apertava-me e arranhava-me como se estivesse a fazer amor comigo própria (e estava mesmo). Adoro o meu corpo e todas as sensações que a masturbação me permite sentir… a Fá deixou-me perdida nos desejos e nos devaneios mas eu nem sequer me importei, o que queria mesmo era ter prazer e depressa uma explosão de emoções me fez estremecer, morder os lábios e cerrar as pernas aprisionando em mim a mão molhada que tanto prazer me deu, o lençol molhou-se com os meus fluidos mas também com o suor que de mim escorria… BRUUUUMMMMM…
Apanhei um susto de morte e o barulho trouxe a minha mãe até ao meu quarto, ela entrou de rompante para ver o que tinha acontecido. Eu enrolei-me no lençol e fiquei a olhar para ela que ao acender a luz deu a conhecer o motivo de tal barulheira, a tela enorme que tenho no meu quarto caiu. A minha mãe olhou para mim e disse-me:

- “Aléxia vem ajudar-me por favor.”

- “Mãe… eu estou…”

- “Estás despida?! Mas tu nunca dormiste assim!...”

Então, enrolando-me no lençol levantei-me um pouco a custo e fui ajuda-la a levantar a tela que além de pesada era difícil de pendurar. A minha mãe depois de conseguirmos pendurar o quadro olhou-me nos olhos e disse:

- “Temos que conversar minha menina… vai vestir alguma coisa e vamos dormir.”
- “Está bem mãe, vou já!

- “Ah… outra coisa, vejo que ainda tens aquele telemóvel e pelo que parece agora dormes com ele. Amanhã falamos, amanhã falamos!!!”

Ela tinha visto o telemóvel em cima da cama e no meu pensamento reinava um misto de alegria e desilusão. Tinha feito asneira mais uma vez e para piorar não tive cuidado.

Será que tinha feito asneira? Hum… não sei se fiz ou não mas foi tudo muito bom. Adorei todos os momentos… ter descoberto a minha sexualidade, ter percebido como a masturbação é boa e saudável e ter descoberto também que o prazer pode fazer parte da nossa vida…

Alexandra Miranda (26-09-2012)

Esta é segunda parte do conto para ler a continuação veja o "post" a seguir. Obrigada.